quinta-feira, 2 de maio de 2013

COEFICIENTE BETA




No primeiro post sobre o assunto (O INDICE BETA) falei rapidamente sobre esse coeficiente e deixei um link para uma explicação bem didática no blog HC. Aqui vou falar um pouco sobre a prática de sua utilização.

O Beta é dinâmico:
Como foi dito algumas vezes ao longo dos posts, existem várias situações em que o Beta calculado diverge do Beta observado na prática. E que a tendência é que em alguns dias tudo volte ao normal. Mas isso pode demorar muito pra acontecer, ou talvez nem aconteça, já que o próprio Beta é dinâmico, ele vai se alterando conforme os novos dados vão entrando na base de cálculo.


O Beta é uma medida de probabilidade:
Um bom exemplo desta diferença entre o Beta calculado e o observado foram as elétricas em 2012, em especial a Eletropaulo. Embora com Beta bastante defensivo (0,46) ela caiu bem mais que o IBOV. Analisando somente a abertura e o encerramento de 2012 foi uma queda de -53% contra uma alta de 7%, isso representou no período um Beta negativo, e bem negativo... !!!

Nesse caso probabilidade não se confirmou e passou bem longe! Mas sabemos que foi um fator que mexeu isoladamente nesta empresa e no setor, de uma forma que não mexeu tanto no mercado em geral, então é natural essa discrepância. Se o preço dela subir bastante este ano enquanto o IBOV patina ou cai ainda pode acontecer de no período de dois anos seus preços cumprirem o que o Beta "previu" pra ela nos últimos 2 anos. Mas só vamos saber ano que vem...


Recebi vários comentários questionando a efetividade da técnica, alguns maldosos (tenho certeza que é trollagem...), outros de preocupação mesmo. Na maioria deles de colegas que utilizam o método mas tem carteira defensiva bastante concentrada em elétricas e ficaram preocupados pelo fato do hedge não ter conseguido anular toda a queda em seu portfólio, nem mesmo quem optou pela arbitragem (não ajustou o número de contratos da carteira pelo seu Beta).

É muito importante para o investidor entender que os cálculos utilizam dados passados, então representam uma probabilidade do que pode acontecer no futuro. Assim como a análise gráfica devemos utilizar as técnicas em conjunto, assim cada uma vai agregando valor no todo e ajudando a mitigar suas deficiências.


O Beta é somente uma medida de risco do ativo x risco do mercado:
E não deve ser empregado exclusivamente, é apenas uma das variáveis ou técnicas do método. Outra destas técnicas é a DIVERSIFICAÇÃO. Eu jamais tive ou terei uma concentração maior que 30% em um único setor, nem maior que 10% em um único ativo.
Mas percebam que mesmo no caso dos colegas super expostos às elétricas fica a pergunta: como estaria seu portfólio hoje sem o hedge? Não estaria menor? Não teria sentido mais ainda o choque elétrico da Dilma Bolada?

O hedge não tirou dinheiro nesses casos, ele acrescentou e ajudou na queda, não tanto como desejavam ou o Beta indicava que ia ajudar, mas ajudou. E se já fizeram o REBALANCEAMENTO do financeiro que entrou com o mini-indice, quando os ativos voltarem aos preços de Março de 2012 o portfólio terá aumentado bastante ao invés de voltar pro 0x0.
Perceberam como o método é um conjunto de técnicas? E que mesmo com baixa diversificação, mesmo com a queda forte de um setor inteiro também funciona?
Mesmo que erremos bastante continua sendo melhor que um "simples buy-and-hold", que já é uma boa técnica de investimento!

* Lembrando um pouco o post anterior: perceberam como não é simplesmente trades com o indice?


Trágico seria um Beta negativo: 
O que atrapalharia bastante nossos investimentos seria a carteira se descolar do Beta calculado e passar a um comportamento de Beta negativo, nessa situação terrível poderíamos ver o mercado em geral (IBOV) subindo, sem indicação de entrada no hedge e nossos ativos caindo e reduzindo o valor da carteira. Enfim, perderíamos do buy-and-hold neste período.

* lembrando que o dólar costuma ser beta negativo, mas atualmente não faz parte dos meus investimentos, e se fizesse seria um investimento a parte, nada a ver com carteira de ações. 

Nestes últimos anos passei por várias situações de "descolamento" do Beta, só que na maioria das vezes ocorre o contrário, os bons ativos selecionados pela AF caem menos do que  o "esperado" no médio e longo prazo. Mas nunca vi um caso de um portfólio inteiro, bem diversificado, se comportar de forma errática em relação ao mercado, com Beta negativo.  Nem mesmo no curtíssimo prazo.




Qual período utilizar nos cálculos do Beta?
Atenção para as várias fontes de dados na Internet, o período do cálculo varia bastante. E alguns sites cometem a irresponsabilidade de não informar o período analisado.
Mas qual é o mais adequado pra você?
Essa é minha grande dúvida. Venho utilizando toda a base que disponho, quase 3 anos agora, e acrescentando novos dados até chegar a 5 anos como aprendi.

A opinião mais comum entre os gestores que tive acesso é que utilizemos como base de cálculo um período alinhado com a estratégia de investimentos, logo:
- para um investimento de longo prazo, de 10-20 anos, que utilizássemos períodos de 5 anos.
- para investimentos de médio prazo, de 5-10 anos, que utilizássemos períodos de 2 anos.
- para investimentos de prazo mais curto, que utilizássemos períodos de 1 ano.

Porém minha base de estudos são livros e artigos do mercado americano, e lá já são mais de 100 anos de mercado. Então talvez para nossa realidade uma base mais curta seja melhor...
A conferir, estudar, estudar, estudar, e testar, testar, e retestar... melhorando sempre! Mesmo estando satisfeitíssimo com as rentabilidades obtidas ano a ano temos que evoluir nos conceitos. No momento estou trabalhando em tentar entender melhor tudo isso.


Concluindo:
Da forma que aprendi os novos dados sendo incorporados na base de cálculo vão ajustando essas diferenças no comportamento dos ativos ao ajustar o próprio BETA. E a tendência é que tudo se ajuste no médio prazo. Se não ajustar por causa de algum fator externo como a mão pesada do governo PTralha temos a diversificação pra contornar isso e diminuir a influência na carteira toda.

SDS

15 comentários:

  1. Rocky, vou comentar um pouco sobre o que eu estou fazendo com relação ao beta.

    A grande maioria das ações que pagam bons dividendos, e que sempre queremos ter na carteira, elas tem um beta pequeno, e grande exposição a estas empresas consequentemente faz com que o beta da carteira tambem seja pequeno.

    Acredito que devemos tentar elevar o beta para proximo de 1 para que não haja tanto descolamento da carteira e da posição vendida no indice, evitando desproteger a carteira em momentos em que a carteira cai mais ou sobe menos que o indice ( como aconteceu com quem tinha muitas eletricas, com certeza o beta da carteira estava extremamente baixo ).

    Tive que me render a colocar 20% da carteira em BOVA11, justamente para levantar o beta para 0,9 e agora tenho um controle melhor.

    O problema das BOVA11 não pagar dividendos, eliminei doando-as para o BTC, atualmente a taxa esta em 4% ao ano.

    Espero ter ajudado e gostaria da sua opinião a respeito.

    Um Abraço.

    Nelson Derencius

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    1. Oi Nelson!
      Realmente alguns colegas demonstraram que as carteiras com Beta mais próximo de 1 tem um desempenho melhor quando conduzidas pelo hedge direcional. E se pensarmos que o mercado está em um longo canal de alta a probabilidade é que as pernas maiores sejam de alta também. Então sua ideia faz muito sentido.


      Comentamos isso em algum post bem lá atrás, e pra quem estivesse começando seria mais fácil manter a carteira com quase todos seus ativos com Beta ao redor de 1, e não somente a carteira (média ponderada dos ativos) nesse valor. Isso evitaria parte desse "descolamento" que falei no post.

      No meu caso a carteira começou bem antes de conhecer o que era hedge e sempre procurei selecionar os ativos primeiro pelos seus fundamentos.
      Na prática o que acabou acontecendo é que neste últimos 3 anos com IBOV patinando e recuando eles estão sempre subindo ou caindo menos. Por conta disso seus Betas estão bastante baixos, mas não pretendo fazer nenhuma alteração radical.

      Faço minha lista prioritária de ativos e na hora de rebalancear os recursos que estão sobrando vou direciona-los para ativos mais agressivos ou defensivos.
      Exemplo: atualmente pelo ciclo decenal americano minha expectativa é de alta para médio prazo então vou buscar ativos com Beta maiores ou próximos de 1.
      Por isso recentemente fiz um aumento de posições em VALE5 e acrescentei BVMF3 na carteira. E também estou de olho em Itau, SMAL11 e/ou outras small caps individualmente.


      Outra conceito importante que utilizo é a arbitragem (o ajuste do número de contratos pelo Beta da carteira) olhando um período gráfico mais curto. Dependendo da tendência do gráfico diário opto por fazê-la ou não. É interessante também pra evitar o descolamento desde que esteja bem definido e planejado, e que façamos da mesma forma todas as vezes que houver a mesma situação gráfica.

      Exemplo no meu caso: se pelo diário tenho indicação de alta por um setup qualquer, sempre que o setup envelope72 dos 60´ indicar pra abrir o hedge (seja normal ou CT) eu vou ajustar o número de contratos pelo Beta da carteira, reduzindo a quantidade, já que minha carteira é defensiva.
      Por outro lado se pelo diário eu tenho indicação de baixa eu vou fazer o cálculo pelo valor total da carteira sem ajuste pelo Beta.
      Ajuda bastante também.

      Obrigado pela participação.

      SDS

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    2. Nelson Derencius, (ou qqr um que saiba)

      Ao doar o ativo para o BTC, ele ainda pode ser usado para margem das posições vendidas do mini? Nesta situação eu não estaria vendendo duas vezes a mesma coisa?

      Abs,
      Pobre Paulista

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    3. Oi PP! Ao doar o ativo não vai mais ser possível utiliza-lo mas margens.

      Por isso eu não gosto de aluguel. Mas principalmente por demorar pra retomar o controle do ativo. Na prática os alugueis que pagam bem são aqueles irreversíveis e prazo maior que 6 meses.

      Então prefiro deixar parte da carteira na BMF garantindo as margens do mini e outra parte na Bovespa garantindo operações estruturadas com opções e/ou travas de baixa.

      Com pouco risco é possível adicionar mais 5-6% ao ano na carteira, semelhante ao retorno com BTC.

      SDS

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  2. Nelson,
    Quando se coloca ações para alugar é comum elas ficarem o tempo todo alugadas? As ações podem ficar ociosas (sem serem alugadas) no BTC? Como tem sido a rentabilidade real? Desde já agradeço...

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  3. Ao disponibilizar as ações para aluguel voce define o prazo e a taxa, quanto menor o prazo e menor a taxa mais procura vai ter, por isso eu me baseio no site da bovespa para saber a taxa média de mercado, se você colocar uma taca muito alta ela vai ficar parada esperando alguem alugar.
    Consulte a taxa média dos ativos aqui: TAXA MEDIA de BOVA11

    http://www.bmfbovespa.com.br/BancoTitulosBTC/EmprestimoRegistrado.aspx?Idioma=pt-br

    Um abrraço.

    Nelson Derencius

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    1. Obrigado ao amigo pela participação e ao Nelson pela contribuição!

      SDS

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    2. Somente para complementar, não resisti:
      TAXA DA OGX:

      Ação: OGXP3
      Taxa Média (aa)
      Doador Tomador
      OGXP3 OGX PETROLEO
      36,61% 37,81%

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  4. Não pude deixar de notar que tu mencionou a média de 72 ao invés da 63.

    Tu ajustou manualmente até achar o envelope e a média adequada ou usou de algum cálculo para chegar na média 72.

    Abraço.

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    1. Oi RW!
      Recentemente um amigo me alertou que desde o ano passado quando da abertura mais tardia do IBOV (17:30) ficamos com um candle a mais, agora com 8 candles de 60´por dia.

      Então a lógica é que se utilizei como base do setup a mme9 do Diario, ela agora deve ser representada por:
      9 dias x 8 candles/dia = 72 candles, ou seja, mme72 e envelopes exp72.

      Não cheguei a testar muito, mas passando o olho rapidamente não alterou quase nenhuma entrada este ano e os resultados seriam muito parecidos, mas como a lógica é forte eu adotei os 72 candles. Semana passada fiz o aviso pelo twitter e atualizei o post HEDGE DIRECIONAL onde expliquei o setup.

      Abrc e obrigado pela participação!

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  5. Rocky, ótimos os resultados do primeiro semestre.
    Poderia comentar qual raciocínio que voce usou quanto à vender o total de contratos para cobrir a carteira e quando deve ajustar pelo beta ?
    Isso faz grande diferença principalmente nestas grandes quedas recentes.
    Em mercado lateral aumenta os stops.
    comenta sobre isso por favor
    abraços
    Nelson

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    1. Oi Nelson!

      Este assunto está sendo muito procurado nos últimos dias, então vou fazer um post específico. Acho que consigo fazer hoje ainda.

      SDS

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  6. Rocky,
    Vê se está correto a ideia. Minha carteira tem um Beta por volta de 0,55. Logo, quando Ibov sobe 1%, minha carteira sobe em torno de 0,55% e vice-versa quando cai...
    O ideal não seria proteger 60% (Considerando margem de erro, IR) da carteira com a venda do Mini? Se não me engano você defende baseado no valor da carteira? Por que não pelo Beta?
    Desde já agradeço, Abraço, Bernardo.

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    1. Oi Bernardo!

      A ideia está correta. Estatisticamente na maioria dos movimentos (ou a média deles) é isso que vai acontecer. Mas não da pra dizer se é ideal.

      Cabe ao investidor fazer seus estudos e decidir se vai ajustar o número de contratos pelo Beta da carteira ou não. Eu utilizo AT num período mais longo pra decidir como vou calcular.
      Esse assunto foi explorado no post ARBITRAGEM de 3 de julho deste ano.

      Abraço e obrigado por participar.

      Rocky

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  7. Olá Rocky.

    Estou iniciando os estudos e pretendo utilizar o Hedge Direcional esse ano (foi minha promessa de ano novo.. hehe).

    Atualmente possuo uma carteira relativamente pequena (em torno de 9 ativos) e tb possuo BOVA11.
    No caso de um iniciante como eu, o que seria melhor do ponto de vista de assumir menos riscos e acelerar o aprendizado:
    - Calcular o beta da minha carteira e fazer Hedge com ela?
    - Ou investir em BOVA11 e fazer o hedge apenas com BOVA? Neste caso a partir de quanto já poderia fazer o hedge? 200, 300 BOVA11?

    Obrigado desde já pela ajuda.
    Abraços.

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